quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uso de dopamina pode reverter estados vegetativos

Uma droga que se liga aos receptores de dopamina pode ser capaz de estimular um cérebro comprometido, permitindo que certos pacientes em estado vegetativo, ou de mínima consciência, possam se recuperar mais rápido.

Esteban Fridman do Hospital Fleni, em Buenos Aires, acredita que o cerne do problema desses pacientes resida na conecção neural. Nesses casos, os axônios estão tão danificados que dificultam o transporte de sinais químicos (neurotransmissão) de neurônio para neurônio. Os axônios são interrompidos quando sofrem pressões como impactos cranianos (quando um lutador é atingido na cabeça ou um motorista bate a cabeça em um acidente de carro).

Como possível tratamento para esses danos, Fridman centrou-se sobre a apomorfina, que se liga aos receptores de dopamina no cérebro. A dopamina é um neurotransmissor conhecido por seu papel na doença de Parkinson e faz parte do mecanismo de controle comportamental da excitação e motivação, mas também desempenha um papel em distúrbios de consciência.

Fridman supôs que a apomorfina pode agir no lugar de dopamina, irrigando um cérebro comprometido com um produto químico que possa estimulá-lo o suficiente para reparar as conexões e permitir que pacientes voltem ao estado de consciência. Ele observa que a droga não iria funcionar nos casos em que o cérebro tenha sido privado de oxigênio ou de sangue, pois os danos seriam mais profundos. Terri Schiavo, moradora da Flórida cujo caso gerou uma polêmica nacional que atingiu o pico em 2005 (quando faleceu), estava em um estado vegetativo desde 1990 causado por esse mesmo tipo de lesão.
Fridman escolheu a apomorfina porque ela atinge diretamente os receptores de dopamina no cérebro, mesmo que a capacidade do próprio corpo para fazer a neurotransmissão esteja danificada. A apomorfina também se liga a vários tipos de receptores de dopamina. Algumas outras drogas, como a levodopa (L-dopa), são convertidas em dopamina pelo organismo (em vez de agirem diretamente sobre os receptores). Por isso, esse mecanismo de conversão faz com que essas drogas sejam menos úteis. Outras drogas, como a amantadina, aumentam a produção celular de dopamina, mas se essas células forem danificadas ou se tornarem menos ativas, só poderão ser produzidas até certo momento. Algumas outras se ligam apenas aos receptores determinados de dopamina.

Em 2004, Fridman tentou usar apomorfina em um paciente que estava em um estado de consciência mínima há 104 dias. Depois que a droga foi utilizada, a mãe do paciente telefonou para Fridman para lhe dizer que seu filho tinha acordado apenas 24 horas depois do uso da droga.

Ao longo dos anos, Fridman e seu colega Ben Zion Krimchansky, do Centro de Reabilitação do Hospital Loewenstein, em Israel, testaram a droga em oito pacientes. Sete recuperaram a consciência (um deles morreu posteriormente de um problema não relacionado). Segundo Fridman, um dos efeitos positivos foi que os pacientes não regrediram após o tratamento ser interrompido. Cinco deles melhoraram e já conseguem caminhar, um já consegue até mesmo dirigir sozinho. Fridman publicou alguns desses resultados no Neurotherapeutics em 2007, e também observações sobre um dos pacientes no Brain Injury, em 2009.

Mas pelo fato de que essas observações clínicas não foram estudos duplo-cegos, em que nem os médicos nem os pacientes sabem se os resultados foram obtidos devido a algum placebo ou se realmente a droga teve efeito, Fridman atualmente está iniciando um estudo clínico formal com um total de 76 pacientes. A apomorfina será ministrada entre um e quatro meses após uma lesão cerebral traumática, e as doses serão distribuídas ao longo de várias semanas, entre períodos de 12 horas. Alguns pacientes receberão medicamentos e outros serão controle.

O estudo está sendo patrocinado pela Neurohealing Pharmaceuticals, baseada em Boston, com um financiamento inicial da FDA por meio de um fundo para “droga-órfã” (produto farmacêutico desenvolvido para alguma condição rara). A conclusão está prevista para ainda este ano, embora seja mais provável que seja concluída apenas em 2011, segundo o presidente do Neurohealing, Daniel Katzman.

A apomorfina deixou de ser utilizada no tratamento de Parkinson, pois a droga deve ser injetada, o que tornava menos prático para as pessoas com tremores. Além disso, pode causar náuseas. Mas Fridman diz que esses problemas não implicam em nada com pacientes em estado vegetativo e de mínima consciência. É também mais fácil dar-lhes doses controladas durante muitas horas.

Essa não é a única droga a ser pesquisada dessa forma. Existem alguns estudos em curso com amantadina, originalmente desenvolvida para o tratamento da gripe. No entanto, Fridman escolheu apomorfina, pois seu primeiro grupo de pacientes não responderam a amantadina, levodopa ou outros medicamentos que atuam sobre o sistema de dopamina. Uol Saúde

Epilepsia: 75% das pessoas não recebem tratamento. Saiba tudo sobre a doença em crianças

Boa parte das pessoas não têm tratamento por falta de conhecimento sobre seus sintomas e perigos. A boa notícia é que ela tem cura, e as chances disso são ainda maiores quando o diagnóstico é feito nos primeiros anos de vida da criança

Um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde revelou que cerca de 75% das pessoas que sofrem de epilepsia no mundo deixam de receber tratamento, e isso se deve muito mais à falta de conhecimento sobre a doença do que ao valor do seu tratamento. Esse distúrbio é mais comum entre as crianças do que entre os adultos (cerca de 5% da população jovem tem o problema).

Como a causa na maioria dos casos é desconhecida, acontece por vezes de a doença ser passageira, desaparecendo ainda na infância naturalmente, o que não dispensa a avaliação e tratamento - no Brasil todos os remédios necessários são fornecidos pelo governo. Alguns sinais ficam mais evidentes nos primeiros anos na escola , quando ela pode apresentar falta de atenção enquanto escreve ou assiste às aulas, e isso pode atrapalhar o rendimento escolar. Uma das formas de perceber o problema pode ser quando, durante um ditado, a criança escreve apenas partes do que o professor fala, sem registrar grandes pedaços do texto dito. Como os professores podem não saber diferenciar se a criança tem déficit de atenção ou epilepsia de fato, cabe a eles observar os alunos e orientar os pais a procurarem um especialista.

Segundo Rogério Tuma, neurologista do Hospital Sírio Libanês (SP), a doença pode ser constatada logo depois que a criança nasce, quando o médico já pode perceber se o bebê apresenta contrações constantes em algum músculo do corpo. Se ele suspeitar que elas indicam epilepsia, é pedido um exame de eletroencefalograma para analisar as descargas elétricas do cérebro e constatar se há de fato disfunção em algumas células. O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura, e o tratamento normalmente é feito à base de medicamentos. Só em casos em que a causa da epilepsia é conhecida e muito específica (como um tumor ou após um acidente que comprometeu a estrutura do cérebro) é possível fazer uma cirurgia para sanar o problema.

A epilepsia, que em geral tem origem desconhecida, não é uma doença transmissível e acontece quando alguns neurônios não funcionam corretamente. Essa disfunção se manifesta em contrações involuntárias de alguns músculos do corpo ou até do corpo inteiro durante alguns segundos. Outro sintoma é o que os médicos chamam de ausência (quando a pessoa parece olhar para o nada, pisca com frequência ou estala os lábios, como se não estivesse percebendo o que está ao seu redor). Esses períodos em que a pessoa parece inconsciente ou quando tem essas contrações são conhecidos como crises. Numa crise mais grave, a pessoa pode chegar até mesmo a ter convulsões. Crescer

Vacina contra H1N1 causa efeitos colaterais e não previne outras gripes

Como toda pessoa que se preocupa com a saúde, você viu o calendário de vacinação contra o H1N1 (gripe suína), se dirigiu ao posto mais próximo para tomar a vacina e ficou mais tranquilo por estar protegido contra a doença.

Porém, pouco tempo depois da picada, sentiu dores no corpo e uma sensação de mal estar parecida com a que costuma aparecer quando você está com a gripe comum. É aí que surge a dúvida: mas será que estes sintomas são comuns? Se a situação parece familiar ou ao menos você já ouviu falar de um caso assim, não se preocupe.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as reações observadas em alguns pacientes que tomaram a vacina contra o H1N1 têm explicações simples e não devem causar preocupação: "apesar de sermos bastante parecidos biologicamente, cada indivíduo apresenta características particulares, daí a dor no braço depois da picada ser maior em uma pessoa do que em outra. Além disso, o processo de produção da vacina muda de região para região, o que também pode explicar reações mais intensas em algumas pessoas", explica o infectologista da Unifesp, Celso Granato.

Variações no processo de produção
Diante da gravidade e da intensidade da epidemia do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) distribuiu a proteína base da vacina contra o H1N1 para diversas empresas do mundo, na tentativa de conseguir imunizar o maior número de pessoas possíveis contra a doença, porém, apesar das vacinas possuírem esta proteína do vírus, que é obrigatória e padrão para qualquer vacina contra este tipo de gripe, a composição da vacina apresenta algumas diferenças de região para região e isso faz com que os efeitos colaterais provocados por ela variem um pouco.

"O padrão estabelecido pela OMS é de 15 microgramas da proteína retirada do vírus, no entanto, algumas empresas usam um produto químico a base de hidróxido de alumínio (chamado de adjuvante) para potencializar o efeito da vacina, o que explica em partes a variação na manifestação dos efeitos colaterais", explica o infectologista da Unifesp.

Quais são os principais efeitos colaterais?
Em geral o paciente pode apresentar dor local, enjoo, dor de cabeça e uma indisposição muito parecida com a que aparece com a gripe comum. "Tratam-se de sintomas leves, sem grandes complicações que somem sozinhos depois de algumas horas ou dias", explica Celso.

Por que dói mais nele do que em mim?
Em geral, a dor no braço que incomoda algumas pessoas não é resultante apenas da variação no processo de fabricação da vacina, mas também da sensibilidade natural de cada um a determinadas intervenções. "Se a pessoa é mais sensível a dor, sentirá mais a picada do que alguém que não sinta grandes incômodos com injeções. A dor é uma reação medida pela capacidade que cada um possui resisti-la", diz Celso.

Como saber se são apenas efeitos colaterais e não algo mais sério?
Para diferenciar os efeitos colaterais da vacina de outros quadros clínicos, basta prestar atenção no dia em que os sintomas se manifestam e na duração deles: "os sintomas aparecem em no máximo dois dias depois da vacinação e somem em pouco tempo, sem auxilio de medicamento. Caso haja complicações ou o tempo de duração dos sintomas seja maior que isso, procure um médico, mas a probabilidade de desenvolver outra doença logo após tomar a vacina é bem pequena", continua.

O sexo ou a idade interferem na intensidade da reação?
Não. O fato de ser homem ou mulher ou a idade da pessoa não interferem na hora de avaliar as reações provocadas pela vacina.

Para ele, algumas crianças talvez sintam um pouco mais de dor por serem mais frágeis, mas em geral, isso não é uma regra.

Uma pessoa vacinada pode ficar gripada?
O infectologista explica que a capacidade de imunização da vacina é de até 80%, logo, é possível pegar a gripe mesmo tendo tomado a vacina, embora as chances disso acontecer sejam bem menores.

"As pessoas acham que a vacina faz milagres, mas isso não é verdade. Apesar de ser o único caminho para evitar uma epidemia, a vacina não garante 100% de imunização. Por isso, a prevenção é essencial", explica Celso.

A vacina também não protege contra outros tipos de gripe. Além disso, ficar exposto aos demais vírus que atingem o trato respiratório ou a alguma doença que enfraquece o sistema imunológico pode levar o paciente a desenvolver quadros clínicos considerados de risco, aumentando as chances de contrair a gripe H1N1, por isso, é preciso cuidado.

Vacinado sim, doente não!
Uma dúvida muito comum de quem ainda não tomou a vacina contra o H1N1 é a possibilidade de intensificar os sintomas de algum outro quadro clínico em função da vacina.

O infectologista da Unifesp explica que a vacina não tem o poder de intensificar os sintomas de outras doenças, senão os da gripe ou de doenças consideradas de risco como bronquite e outros problemas respiratórios.

"Nestes casos, o recomendado é vacinar o paciente somente depois que a crise passar. Uma pessoa com crise asmática, por exemplo, pode ter este quadro piorado, já que está com a imunidade mais baixa devido à doença", explica Celso. Minha Vida

domingo, 11 de abril de 2010

Supervitamina K, ela não pode faltar

Fale a verdade. Numa escala de 1 a 10, qual é a relevância que você dá à vitamina K na hora de escolher o que coloca no prato? Tudo bem, não precisa se justificar se o número for pequeno — até porque, provavelmente, você nem faz ideia de onde ela está. Mesmo quem vive preocupado com a alimentação não costuma erguê-la em um pedestal. Mas existe uma explicação para isso. Há alguns anos, a deficiência de vitamina K não preocupava tanto os especialistas — ora, é raro alguém estar com níveis tão baixos a ponto de apresentar sinais de sua falta.

“No entanto, hoje sabemos que, embora assintomática, a menor carência desse micronutriente já compromete a saúde”, afirma a nutricionista Silvia Cozzolino, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Recentemente, por exemplo, descobriu- se a participação dessa vitamina na manutenção dos ossos.

Já uma pesquisa conduzida no Children’s Hospital Oakland Research Institute, nos Estados Unidos, confirma sua importância na prevenção de várias doenças. Depois de analisar centenas de artigos científicos publicados desde os anos 1970, o bioquímico Bruce Ames sugere que uma dieta capaz de garantir a quantidade recomendada de vitamina K todos os dias é uma maneira de garantir um futuro muito mais saudável.

De acordo com o cientista, quem se alimenta desse jeito consegue evitar principalmente os males que surgem com a idade, como osteoporose, derrames, infartos e até mesmo câncer. “Esse trabalho traz um novo olhar sobre as consequências da insuficiência de vitamina K e deverá ser usado como uma referência mais para a frente”, acredita Ames.

O curioso vem agora: esses resultados dão força à tese que o bioquímico desenvolveu em 2006, a qual apelidou de teoria da triagem. É a ideia de que pequeníssimas privações de vitaminas, minerais, ácidos graxos e aminoácidos ao longo da vida culminam nas temidas doenças que chegam conforme o relógio biológico se adianta. Ames defende que, por um curto período de tempo, o organismo até seria capaz de suprir a ausência da vitamina K, assim como a de outros micronutrientes. Só que, em longo prazo, os detalhes fazem mesmo a diferença. Ou seja, qualquer mínimo deslize no aporte de K em um único dia seria ressentido pelo organismo. A sorte, como você verá, é que não é difícil seguir uma dieta vitaminada quando pensamos nessa letra.

O nome enxuto da protagonista desta reportagem vem da palavra alemã koagulation — como dá para notar, quer dizer coagulação. A alcunha foi criada em 1929 pelo cientista dinamarquês Henrik Dam, que estudou na Áustria e na Alemanha. Naquela época, Dam já descrevia a capacidade da vitamina K de evitar hemorragias. “E essa é a sua função mais conhecida até hoje”, observa a nutricionista Lara Siqueira, da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar, em São Paulo. De um simples corte no dedo até a cicatrização de machucados mais graves, é a K uma das responsáveis por estancar os sangramentos. “Ela auxilia na produção de protombina e de outras substâncias necessárias para a coagulação sanguínea”, explica Lara.

Por esse motivo, a vitamina K é uma antiga inimiga de quem sofre de trombose, a formação de coágulos indesejados no interior dos vasos. Antiga porque, agora, os médicos sabem que até mesmo esses indivíduos não podem ficar sem ela. “Reduzir seu consumo faz com que a pessoa deixe de aproveitar os benefícios do nutriente, como o fortalecimento dos ossos”, alerta Silvia Custódio, professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense, no estado do Rio de Janeiro. “O importante é controlar a ingestão de acordo com as doses recomendadas.”

Pois é, talvez seja uma novidade saber que seu esqueleto não depende somente de cálcio e vitamina D. Mas a verdade é que dietas pobres em vitamina K andam cada vez mais associadas à perda de massa óssea e à maior incidência de fraturas. “O nutriente participa da ativação de proteínas envolvidas na mineralização dos ossos”, conta Silvia, que o estudou em seu doutorado, em 2001, e agora finaliza uma nova revisão sobre o assunto, que será publicada no mês que vem.

E há novas hipóteses sobre os mecanismos nos quais a K está envolvida. Ela teria, por exemplo, influência direta na função cardiovascular, acionando proteínas que inibem a calcificação arterial, ou seja, que endureceriam perigosamente as paredes dos vasos. “Na presença de vitamina K, esse processo parece ser mais lento”, aponta a nutricionista Vivian Zollar, da Universidade Federal de São Paulo. O resultado é um coração mais saudável e um cérebro funcionando a todo vapor por mais tempo. Aliás, um dado interessante: as proteínas que ajudam a fortalecer os ossos, assim como aquelas que evitam a formação de placas nas artérias, são chamadas de PDVK, ou seja, proteínas dependentes da vitamina K. Depois dessa, quem se arrisca a dizer que ela não é súper?

Cientistas japoneses notaram que a vitamina K é capaz de diminuir o risco de tumores no fígado. No caso, o benefício veio dos suplementos, recomendados apenas em situações específicas e sob prescrição médica, sempre

Na Universidade Tufts, em Boston, nos Estados Unidos, a vitamina K dá nome a um laboratório onde o principal objetivo é investigar os impactos da sua ingestão — ou da falta dela — em homens e mulheres acima de 60 anos. Dali, surgiram indícios de que ela desacelera a resistência à insulina, o hormônio que coloca a glicose dentro das células, e que, quando não age direito, é caminho certeiro para o diabete. É claro que, como toda novidade, o resultado é visto com desconfiança por alguns especialistas. “O que conhecemos desse mecanismo ainda é insuficiente”, diz a nutricionista Silvia Custódio. Mas não há como negar que, se comprovada essa ação, teremos mais um bom motivo para celebrar o micronutriente.

Já deu para entender que estamos falando de uma vitamina essencial para a manutenção da saúde. E aí vem a pergunta: será que suplementá-la na dieta, ou seja, apostar na sua versão encapsulada, é o ideal para garantir as quantidades adequadas? “As deficiências aparecem principalmente em pessoas com disfunções no fígado e no intestino ou como resultado da utilização prolongada de antibióticos”, especifica a nutricionista Michele Trindade, do Instituto de Metabolismo e Nutrição, em São Paulo. E, é claro, em quem se alimenta muito mal. Se esse não é o seu caso, saiba que a melhor maneira de evitar pequenas carências é ficar de olho no prato. “A vitamina K é bem distribuída nos alimentos de origem vegetal e animal”, acrescenta a especialista. Ou seja, a famosa dieta variada resolveria.

As carnes são pobres em filoquinona, a principal forma de vitamina K. Cada 100 gramas oferecem cerca de 5 microgramas da vitamina. Só se salva o bife de fígado, que é o órgão onde o micronutriente fica armazenadoVale notar, no caso de cápsulas, que as megadoses são bem controversas e seus benefícios à saúde, discutíveis. Tanto que, no mês passado, o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução proibindo a recomendação de valores de micronutrientes acima dos limites — e aí seriam doses grandes pra valer. Isso não significa necessariamente um impedimento para os especialistas prescreverem polivitamínicos quando necessário.

No caso da K, os alimentos campeões na substância são as folhas escuras, como a couve e o espinafre. Você ainda encontra boas quantidades dela no leite, no ovo e nos óleos vegetais. “Comer de sete a nove porções de frutas e verduras ao dia é certeza de ingerir as quantidades adequadas não só de vitamina K mas de outros micronutrientes fundamentais”, orienta Silvia Cozzolino, da USP.

Se a intenção é aproveitar ao máximo a vitamina durante as refeições, em vez de pensar nos suplementos, vale a pena considerar sua biodisponibilidade — isto é, quanto o corpo consegue absorver dela. Seus níveis costumam variar de acordo com a forma de preparo ou a interação com outros nutrientes. “O organismo aproveita aproximadamente 20% da vitamina K dos alimentos”, calcula Silvia Cozzolino. O excesso das vitaminas E e A, ensina a professora, pode atrapalhar essa absorção.

Por outro lado, como se trata de uma vitamina lipossolúvel, que navega no corpo dissolvida em gordura, uma pitada de óleo no prato pode potencializar o aproveitamento dela. Especialmente se for monoinsaturado, como o azeite de oliva. Importante: estudos mostram que, diferentemente de outras vitaminas, a K não é muito sensível ao calor. Mesmo assim, é mais garantido não exagerar na temperatura do forno. E, anote, ela não suporta bem a luz. Ora, se as embalagens de óleos são transparentes, significa que perdemos vitamina K à toa? Sim, e a perda pode chegar a 80%. Nada que um armazenamento adequado, ao abrigo de fontes luminosas, ou uma boa xícara de espinafre não possam compensar. Saúde Vital